quarta-feira, 6 de julho de 2011

A GRAMÁTICA NA ESCOLA

A GRAMÁTICA NA ESCOLA
LINGUA PORTUGUESA: o ensino de gramática

A gramática está inserida em tudo que falamos, escrevemos, lemos ou ouvimos. Mesmo que não tenhamos conhecimento de suas definições ou tipo.
Para podermos ter uma melhor compreensão do que o tema nos propõe é importante sabermos alguns conceitos.


O QUE É GRAMÁTICA?

A gramática é um sistema de normas que dá estrutura à língua estabelecendo um padrão de escrita e fala. Ou seja, ela contribui para que haja uma melhor compreensão daquilo que ouvimos ou lemos ou também para que possamos nos expressar de modo coeso tanto ao falar quanto ao escrever.
De modo geral, a gramática pode ser entendida como um estudo sistemático de todos os casos gerais do mecanismo lingüístico ou fenômenos lingüísticos usando o estabelecimento de normas de boa linguagem.
Existem três concepções básicas e importantes de gramática:
1º Gramática internalizada: esta é o saber que falante adquiriu, tendo em vista suas capacidades e o meio em que cresceu. São dialetos regionais e sociais, registros de grau de formalismo e cortesia usados, essencialmente, por suas famílias e amigos.
2º Gramática descritiva: esta gramática é fruto do trabalho dos lingüistas que buscam dizer como é o mecanismo da língua de que falamos, isto é, como a língua é constituída (categorias, unidades, construções) e como ela funciona. Portanto, a gramática descritiva é consubstanciada em uma metalinguagem com uma nomenclatura própria, conhecimento teórico sobre a língua.
3º Gramática normativa: esta é constituída por regras que a sociedade estabeleceu para o uso da língua. Essa gramática era baseada na variedade lingüística “culta e padrão”, pois, esta foi eleita pela sociedade como a melhor forma da língua, isto não por critérios lingüísticos, mas sim, por critérios elitistas. Porém, além deste critério foi utilizado outros para estabelecer o que pertence ou não a variedade lingüística “culta”. Estes outros critérios são:
Lógicos: baseados na estruturação do pensamento a partir da concepção de língua como forma de expressão do pensamento.
Políticos: não é recomendado o uso de estrangeirismos.
Comunicacionais: recomenda-se a clareza, precisão, a concisão e condena-se o hermetismo (estudo e prática da filosofia oculta e magia) e a dubiedade (ambíguo, duvidoso), a imprecisão e a proxilidade (muito longo).
Históricos: que recomendam ou não o uso de determinados modos de dizer meramente por tradição.
Estéticos: recomenda-se fugir a tudo que enfeie a língua e use o que a torne mais bela.
Antigamente a gramática normativa era constituída por uma série de recomendações do que usar ou de proibições de uso de outros elementos da língua. Hoje a gramática normativa é mais uma atitude de despertar a consciência de que a língua apresenta muitas variedades e que devido a regras sociais é mais ou menos adequado usar a língua de um modo ou de outro, conforme a situação de interação em que estamos.

POR QUE ENSINAR GRAMÁTICA NA ESCOLA?

Ormezinda Maria Ribeiro coloca que, de acordo com as emendas e os programas de ensino de língua portuguesa o objetivo de ensinar gramática é o de propiciar ao aluno condições de usar adequadamente a língua materna seja na escrita ou na fala. Porém, é importante que a escola tenha cuidado para não impor a variante do português padrão ou culto como modelo único de uso da língua na fala e na escrita, mas sim como uma variedade importante em nossa sociedade e que devemos usar em dadas circunstâncias que devemos indicar aos nossos alunos.

QUAL O PÚBLICO PARA QUAL É DIRIGIDO O ENSINO DE GRAMÁTICA?

Conforme o público que se aplica o ensino de gramática implica a diferenciação no processo de ensino. Ou seja, ensinar gramática para um graduando de letras não é o mesmo que ensinar para um aluno em processo de alfabetização, nem tampouco o mesmo que ensinar Português para estrangeiros ou para acadêmicos de cursos diversos.

CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM

Podemos conceber a linguagem de três modos:
Como expressão do pensamento;
Como código objetivo de comunicação pelo qual transmitimos informações aos outros;
Como forma de interação.
Ormezinda Maria Ribeiro coloca que se a linguagem é entendida como mera expressão do pensamento, seus adeptos acreditam que o ensino da gramática prioriza o falar e o escrever bem. Isto significa saber usar corretamente a norma culta ditada pela gramática normativa.
Se a linguagem for considerada como um sistema fechado, termos uma teoria gramatical baseada exclusivamente em aspectos lingüísticos, ou seja, puramente formais. Mas, por outro lado, se a linguagem for concebida a partir de seu uso social, na interação, cuja concepção de apropriação de linguagem é social e os sujeitos da linguagem estão mergulhados no social que os envolve, teoria da gramática considerará como elementos constitutivos do próprio ensino os papéis do sujeito no processo de ensino.
A linguagem é um lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e ideológico. Portanto, o modo como se entende a linguagem reflete no modo como se lida com o seu ensino de forma efetiva.

OBJETIVOS DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

1º - Ensinar sobre a língua, formando pessoas que são capazes de analisar a língua, analista da língua que têm conhecimento teórico sobre a mesma.
2º - Ensinar a língua, formando usuários competentes da língua em diferentes variedades da mesma, de modo adequado a cada situação de interação comunicativa, tanto pela escrita quanto pela fala.
O que se pretende prioritariamente é desenvolver a capacidade/competência do aluno de modo que ele saiba usar os diversos recursos lingüísticos nas mais variadas situações de interações comunicativas que ele tenha contato.
Mas o que fazer para que os alunos alcancem esse objetivo?
Uma estratégia básica e fundamental é possibilitar o contato com as variedades lingüísticas e o seu uso pelo aluno, pois, é importante que ele conviva com os diversos tipos, gêneros e espécies de textos para descobrir a função e especificidade de cada um.

ORGANIZAÇÃO DO ENSINO

As atividades de ensino/aprendizagem de língua materna costumam ser divididas e organizadas em cinco grandes blocos:
1º Vocabulário
2º Gramática
3º Produção de textos
4º Compreensão de textos
5º Ensino de recursos e convenções da língua escrita, incluindo ortografia e pontuação.
A divisão dessas atividades é uma forma de facilitar a organização didático-pedagógica, pois, todos os elementos de língua atuam em conjunto na constituição e funcionamento de textos e fazem parte da gramática da língua.
A gramática da língua inclui:
Todos os recursos que a constituem em todos os planos (fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático) e níveis (lexical, frasal e textual).
Todas as regras, princípios e estratégias que tais recursos lingüísticos atendem ao compor textos para funcionar na comunicação criando efeitos de sentido.
Portanto, essa divisão deve ser entendida como um meio de facilitar e organizar o estudo da língua e o trabalho correspondente em sala de aula.
As atividades de gramática se dividem em dois pilares básicos:
Recursos da língua: no qual podemos partir de um recurso especifico ou de um dado tipo de recurso e trabalhar verificando que efeitos de sentido eles são capazes de produzir em diversos textos. Os recursos da língua são:
Todas as suas unidades no plano fonético – fonológico, morfológico, lexical, sintático, semântico e textual.
Todas as formas de construção.
As categorias gramaticais: gênero, número, pessoa, tempo, modalidade, voz, aspecto.
Recursos supra segmentais: entonações, pausa, altura de voz, ritmo.
Outros




ENSINO DE GRAMÁTICA

Ultimamente as aulas de português tem sido sinônimo de aula de gramática e isso é desde o ensino fundamental até o ensino superior. É comum ouvirmos tanto crianças quanto adultos dizer que não gostam de português. Mas por que isso ocorre se esta é a língua que falamos cotidianamente?
Na verdade estes alunos não gostam da forma como lhes são passado o conteúdo da disciplina de português, que quase sempre é através de regras, exercícios descontextualizados de uma estrutura que só se vê em livros, nunca no dia-a-dia.
A gramática da língua é o mecanismo lingüístico que permite ao usuário da língua a comunicação. Partindo do objetivo prioritário do ensino da língua, sugerimos quatro tipos de atividades de ensino de gramática que não precisam ser usadas separadamente. Essas atividades são chamadas são:
Gramática teórica
Gramática de uso
Gramática reflexiva
Gramática normativa
O que quer dizer cada uma delas?
Gramática teórica: as atividades de gramática teórica são quando ensinamos e cobramos dos alunos a metalinguagem com a nomenclatura própria da gramática descritiva. Ou seja, são atividades de gramática teórica aquelas que de uma maneira ou de outra cobrem o conhecimento lingüístico sobre a língua.
Os objetivos das atividades de gramática teórica são facilitar, no ensino, a referência a elementos de língua e seu objeto de uma cultura científica necessária na vida moderna, e também ser usada como instrumentos para ensinar a pensar.
Gramática de uso: é quando o aluno é levado a usar recursos ou regras da língua.
Gramática reflexiva: ocorre quando perguntamos, por exemplo: - O que significa? Se trocarmos o recurso ou elemento da língua usado muda o sentido? As atividades de gramática reflexiva se ocupam com a forma de atuar em sociedade usando a língua, não se preocupando com a nomenclatura usada na classificação dos elementos lingüísticos.
Gramática normativa: as atividades de gramática normativa vão sempre mostrar as diferenças entre as variedades lingüísticas, orientando quando usá-las ou não em termos de adequação, social e comunicacional, dando um destaque à norma culta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino de gramática é um problema complexo que envolve múltiplas facetas que o professor não pode negligenciar ao preparar as atividades de ensino/aprendizagem para trabalhar com seus alunos.
O ensino de gramática deve partir do conhecimento teórico de seu objeto, mostrando a relação entre língua e pensamento para efeito de reflexão e subsidio técnico aos professores, mas no que tange aos alunos, estas reflexões devem resultar em atividades práticas, a fim de que estes possam adquirir uma segurança lingüística necessária as diversas situações de interação comunicativa, evitando-se assim, que a ênfase exagerada da nomenclatura ou exercícios de preenchimento de lacunas sejam a essência desse ensino.


Acadêmicas: Ana Lucia de Almeida, Edna da Silva, Maria Lúcia Teixeira Borges Brito
Renata Aparecida Silva dos Santos, Vera Lúcia de Brito

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